13 de novembro de 2010

Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante
Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso, a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

2 de novembro de 2010

Oração contra mau olhado

- O Olho da Luz me envolve. Seu brilho me protege.
Quebre mau-olhado! Desfaça-se toda a intriga e a
perfídia. Estou com a Benção do Senhor. Estou dentro
do Manto do Senhor, nada me destruirá.
Amém!

27 de outubro de 2010

O futuro !

Aqui estou eu escrevendo sobre a coisa que eu talvez eu nem goste de escrever.. O futuro..
Mas não vou falar do futuro além de nós, das tecnologias, das invenções, dos robôs e de tudo mais que a palavra “futuro” acarreta. Limito-me ao simples futuro de cada um.

É tão engraçado ver como as pessoas ficam obcecadas com o futuro.. Planejam, sonham, falam daquilo tudo como se fosse a mais pura realidade diante de seus olhos. Mas será que aquilo é a realidade efetiva ou será que é a realidade que cada um quer ver?..eu mesma tenho minhas dúvidas quanto à resposta..
Uma menina sonha em ser médica.. e diz que vai ser médica.. afirma, bate o pé, acredita veementemente nisso.. mas quando vai ver.. faz vestibular pra relações internacionais, e acaba se formando aos 25 anos em Engenharia.. E quem nunca planejou uma vida com alguém e realmente acreditou que aquilo ia acontecer, e de repente viu que era tudo uma ilusão?..quem nunca trocou alianças e acreditou que elas nunca sairiam dos seus dedos? Quem nunca disse “eu te amo pra sempre” e viu que o “pra sempre” na verdade era sinônimo de “até que comecem a surgir muitos problemas”...?

O futuro é incerto.. O ser humano é absolutamente instável em sua própria natureza, e como se isso não bastasse, o futuro não depende unicamente do ser humano, mas também de fatores externos.. quer um exemplo? Você não saiu porque estava chovendo.. Você estava certo de que iria praquela festa, mas decidiu não ir.. seu futuro foi alterado, ou pelo menos não foi o que você havia planejado horas antes..Porque então nos apegamos tanto ao futuro? Se ele é uma coisinha altamente mutante, incerta e imprevisível, dependente de fatores externos e pessoas instáveis, porque apostar tantas fichas nele? Porque criar tantas expectativas, porque pensar tanto nele?
Porque temos medo do presente. Temos medo de viver o presente, então vivemos no futuro. Temos medo de assumir o risco de nossas conseqüências, então criamos expectativas. Temos medo de olhar o que está na nossa frente, então pensamos adiante.
E o pior é que não paramos por aí.. deixamos de viver nosso presente em nome de um possível futuro.. deixamos de tentar o vestibular por medo de não passar.. deixamos de ir na festa por medo dela estar ruim.. deixamos de tentar namorar de novo por medo de brigar.. deixamos de mais.. mas será que não passaríamos mesmo no vestibular? Será que a festa estaria mesmo ruim? Será que o namoro seria mesmo cheio de brigas? Sem ter certeza alguma, nós “prevenimos”, nós simplesmente deixamos..deixamos.. deixamos.. deixamos.. nós deixamos de mais, e o futuro acaba sendo de menos..

O que eu sei mesmo com relação ao meu futuro é que eu vou morrer. Se eu fosse viver minha vida baseada num futuro, seria exatamente nesse. Assim eu teria a maior razão do mundo pra viver cada segundo intensamente, pra sair, pra rir, pra amar, pra conversar, pra tudo..Se eu sei que tudo um dia vai acabar, então é melhor que eu aproveite isso tudo logo.

A verdade é que a única coisa que não se pode mudar é o passado, e ele é o segundo anterior ao que você acabou de fazer. Então, viva seu presente e não pense no que você quer no seu futuro, mas sim no que você não quer no seu passado.

20 de outubro de 2010

Sem Exceção.

Toda regra tem exceção..
mas se toda regra tem exceção, então "toda regra tem exceção" também tem exceção..
então a exceção pra "toda regra tem exceção" seria uma regra sem exceção..
e se essa regra sem exceção for exatamente a regra "toda regra tem exceção"
então toda regra tem exceção mesmo... sem exceção.

7 de outubro de 2010

Tranquilidade

A tranqüilidade da vida encontra-se nas palavras. Palavras essas que me acalmam, perfumam minha alma e refletem minha essência.
A palavra é poder. Poder mudar o mundo, ao tecer o texto de sua vida. E o homem necessita da palavra, não somente as escritas ou ditas, mas daquela que ao se expressar no silêncio rompante, explica o saber.
Um olhar nos dita letras, que com as quais conseguimos preencher as lacunas dos sons. As lacunas tornam-se palavras, que por parecerem soltas no solfejo do momento, se perdem. Uma palavra perdida é um herói esquecido. E no cruzar dos alentos, dinâmicos momentos, uma palavra não retorna. Se vai, e cai por terra sem ter possuído a chance de se dizer.
Não quero palavras veladas. Quero que sejam ditas, e mais que isso, quero palavras sentidas.
O sentimento da palavra é o que mais conta. Conta os anseios, os sonhos, as frustrações.
A palavra é poder. Poder que incontrolavelmente atinge o ser, no seu mais inerente tom; a palavra encerra um mundo, um mundo de dizeres, que em cada traço se estilhaça e se espalha, irradiando sua beleza nas searas do querer.
Eu quero, quero uma frase sem amarras, sentenças completas crivadas de paz. Na perene sensibilidade do dizer, eu me entrego. Me deixo levar pelo sentimento e me perco, me encontro, me desespero. E nesse desespero vejo tudo em um espelho límpido. Um grito, um suspiro e uma palavra. Um sumário de vida. Ah, que confusa sensibilidade da escrita. E a palavra me leva ao céu. Um céu que nada esconde.
No sentido dos símbolos, cada ser se encontra. E busca, sem razão, se dar por inteiro. É inevitável. A odisséia personalíssima constrói a perfeição caótica de um bosque escondido; e por entre os galhos e folhas, palavras são ditas. O papiro da vida se desencarna, e se refaz em sarcasmo, ferindo a pele e me libertando.
Me jogo, e abafo meu som na calmaria do rio. As brumas cobrem meu corpo, e percebo um novo conto. Um rito infinito de palavras se unindo, construindo, com letras e sons, um novo texto. Só assim conheço aquele, que tortuosamente escreve, com palavras intruncadas, a loucura da história de uma frase de poder.

29 de setembro de 2010

O mundo que nos aproxima

É estranho andar pelas ruas de qualquer cidade um pouco mais populosa. Sente-se no ar uma solidão conjunta, que parece afetar a todos - na verdade não é fácil precisar se são passos solitários ou se apenas se portam, as pessoas, de forma indiferente quando andam pelas vias.
Um rítimo caótico que se mascara na trilha sonora personalíssima de cada player que carregam, eles, consigo. Esse abismo que nos aproxima, por cabos e fibras, com ondas e luzes - letreiros que hoje se entranham em suas mochilas para uma comunicação mais ágil - acaba por distanciar o toque.
Lançando mãos dessas tecnologias, eles se perdem, se excluem, se afastam; pensam, porém, estarem se aproximando. Homens e mulheres revezam-se nas obrigações, ao mesmo tempo que se ajudam, perdem o tempo em companhia.
Raras vezes as pessoas se convidam para uma visita às suas casas. Muito mais incomuns os momentos que, face à uma visita, realmente se disponibilizam a se encontrarem. Mas aos poucos essa consciência se aflora.
Aquele que vem de encontro a esse, responde com um tímido inclinar de cabeça, o que achou ser um cumprimento. Os outros se esbarram, talvez pela necessidade de um pedido de desculpas. Dessa sorte, as músicas vão dando espaço ao monólogo, que chama atenção do próximo. O balbuciar atrai este, que por desespero se inclina, como ao suplicio de um entendimento mais inteligível. É a distância que nos aproxima. É o meu olhar que te conquista, para que deixe, por um momento, sua individualidade.
Nossos mundos se chocam, e paulatinamente, se tocam. Num instante, toda estranheza cessa, e a termo vem a solidão, causalidade de um simples desespero de estar sozinho.

27 de setembro de 2010

VOCÊ

Chega uma hora em que você descobre que foi tolo por um bom tempo e que não adianta dar murro em ponta de faca, ou tentar mudar quem não quer mudar. 

Nessa hora você chega a conclusão que você tem que ser ainda mais individualista do que os outros acham que você seja. Individualista não é bem o termo adequado, poderia dizer que você precisa cuidar das suas coisas e deixar as outras pra segundo plano. 

Faça o que é importante pra VOCÊ e não os outros. 
Invista em VOCÊ! E o que vier será consequencia do que VOCÊ contruiu.

Uma excelente semana!

25 de setembro de 2010

Águas

Um fluxo de pensamentos jorra mente abaixo como água na cachoeira.
Nesta correnteza particular tudo é levado para onde menos se espera e com rapidez surpreendente.
São águas de passado, presente e futuro. Amigos, memórias, esperanças, desejos, caprichos, sonhos, medos. Tudo empurrado num jorro descontínuo correnteza abaixo, e no meio de toda essa turbulência está você, nu, cru, puro.
Constantemente empurrado de um lado a outro, você em momentos afunda, em outros emerge. É frio e você está perdido no rio de pensamentos que você mesmo criou. E então olha para cima, para o céu azul escuro, grande e estrelado da noite e se dá conta de que está sozinho.
O mundo pode ser habitado por 6 bilhões de pessoas, mas você está sozinho.
Sozinho em seu rio, carregado correnteza abaixo, tentando sobreviver às águas de sua mente.
E é aí que reside seu eu verdadeiro. Afinal, neste lugar aparentemente inóspito você é livre.
Vivemos uma vida regrada, controlada de todos os lados. Colocamos máscaras para continuar e nos perdemos nelas.
Acabamos por nos submeter a regras que odiamos, desprezamos, e dentro delas ficamos encarcerados.
Mas quando nadamos em nosso rio estamos a sós. Podemos engolir água em excesso, bater em algumas pedras, perder a direção, mas é somente lá que somos verdadeiramente livres.
Caros leitores, aprendam a navegar suas próprias mentes e aí finalmente poderão ser vocês.
A exaustão de tanto nadar vai embora, e você se controla.
A gelidez da água dá lugar a um calor recém-descoberto, e você encontra o prazer de compreender exatamente onde está.
As pedras parecem desviar de seu caminho, mas a verdade é que você agora sabe onde elas estão, e a elas só vai de encontro por pura opção.
Pensamentos são águas.
E vocês serão finalmente vocês: sozinhos, únicos e livres.

20 de setembro de 2010

Universo Corrompido

Sera que a vida eh uma mistura de realidade com ilusao, deveres e vontades, acoes e imaginacoes. E a linha que separa tudo isso eh tao infima que no final agente confunde tudo e simplismente decide chama-la de vida.
Muitas vezes me pergunto se o mundo a minha volta eh realmente o que vejo, ou se eh tudo fruto da minha imaginacao, um conjunto de vontades concretizado pela minha mente, pura ilusao.
Sera que eu sou mesmo aquela imagem que vejo no espelho, sera que ateh mesmo as fotos mentem para mim? Sera que tudo eh apenas algo baseado em pontos de vista?
Sim, a vida por esses padroes parece ser uma coisa de seres pessimistas, que pensam somente no individuo. Porque se tudo a minha volta eh aquilo que eu imagino, minha mente estah repleta de violencia, guerras, doencas e injusticas. Sera que toda a natureza, a bondade e felicidade que eu vejo eh suficiente pra contra-balancar as coisas ruins? E novamente, uma visao individualista, pois se pensarmos assim, deixamos de ser meras "criacoes" e comecamos a ser criadores, e nos tornamos o centro do universo. Um universo corrompido
A minha ilusao nao pode ser a realidade em que vivo. Prefiro acreditar que ilusao eh apenas um refugio, um refugio para a ignorancia que nos protege contra aquilo que nao queremos saber.
Sim, a vida eh algo muito confuso para ser analizado, e falar sobre ilusoes utilizando a criatividade eh algo mais paradoxo ainda.
Continuo acreditando numa frase que eu escrevi, "Veja o mundo de uma maneira diferente, mas nao se perca na sua ilusao", e eh assim que vou continuar vivendo a minha vida, seja esta sendo apenas fruto da minha imaginacao, ou o que chamamos "realidade"...