7 de outubro de 2010

Tranquilidade

A tranqüilidade da vida encontra-se nas palavras. Palavras essas que me acalmam, perfumam minha alma e refletem minha essência.
A palavra é poder. Poder mudar o mundo, ao tecer o texto de sua vida. E o homem necessita da palavra, não somente as escritas ou ditas, mas daquela que ao se expressar no silêncio rompante, explica o saber.
Um olhar nos dita letras, que com as quais conseguimos preencher as lacunas dos sons. As lacunas tornam-se palavras, que por parecerem soltas no solfejo do momento, se perdem. Uma palavra perdida é um herói esquecido. E no cruzar dos alentos, dinâmicos momentos, uma palavra não retorna. Se vai, e cai por terra sem ter possuído a chance de se dizer.
Não quero palavras veladas. Quero que sejam ditas, e mais que isso, quero palavras sentidas.
O sentimento da palavra é o que mais conta. Conta os anseios, os sonhos, as frustrações.
A palavra é poder. Poder que incontrolavelmente atinge o ser, no seu mais inerente tom; a palavra encerra um mundo, um mundo de dizeres, que em cada traço se estilhaça e se espalha, irradiando sua beleza nas searas do querer.
Eu quero, quero uma frase sem amarras, sentenças completas crivadas de paz. Na perene sensibilidade do dizer, eu me entrego. Me deixo levar pelo sentimento e me perco, me encontro, me desespero. E nesse desespero vejo tudo em um espelho límpido. Um grito, um suspiro e uma palavra. Um sumário de vida. Ah, que confusa sensibilidade da escrita. E a palavra me leva ao céu. Um céu que nada esconde.
No sentido dos símbolos, cada ser se encontra. E busca, sem razão, se dar por inteiro. É inevitável. A odisséia personalíssima constrói a perfeição caótica de um bosque escondido; e por entre os galhos e folhas, palavras são ditas. O papiro da vida se desencarna, e se refaz em sarcasmo, ferindo a pele e me libertando.
Me jogo, e abafo meu som na calmaria do rio. As brumas cobrem meu corpo, e percebo um novo conto. Um rito infinito de palavras se unindo, construindo, com letras e sons, um novo texto. Só assim conheço aquele, que tortuosamente escreve, com palavras intruncadas, a loucura da história de uma frase de poder.

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