25 de setembro de 2010

Águas

Um fluxo de pensamentos jorra mente abaixo como água na cachoeira.
Nesta correnteza particular tudo é levado para onde menos se espera e com rapidez surpreendente.
São águas de passado, presente e futuro. Amigos, memórias, esperanças, desejos, caprichos, sonhos, medos. Tudo empurrado num jorro descontínuo correnteza abaixo, e no meio de toda essa turbulência está você, nu, cru, puro.
Constantemente empurrado de um lado a outro, você em momentos afunda, em outros emerge. É frio e você está perdido no rio de pensamentos que você mesmo criou. E então olha para cima, para o céu azul escuro, grande e estrelado da noite e se dá conta de que está sozinho.
O mundo pode ser habitado por 6 bilhões de pessoas, mas você está sozinho.
Sozinho em seu rio, carregado correnteza abaixo, tentando sobreviver às águas de sua mente.
E é aí que reside seu eu verdadeiro. Afinal, neste lugar aparentemente inóspito você é livre.
Vivemos uma vida regrada, controlada de todos os lados. Colocamos máscaras para continuar e nos perdemos nelas.
Acabamos por nos submeter a regras que odiamos, desprezamos, e dentro delas ficamos encarcerados.
Mas quando nadamos em nosso rio estamos a sós. Podemos engolir água em excesso, bater em algumas pedras, perder a direção, mas é somente lá que somos verdadeiramente livres.
Caros leitores, aprendam a navegar suas próprias mentes e aí finalmente poderão ser vocês.
A exaustão de tanto nadar vai embora, e você se controla.
A gelidez da água dá lugar a um calor recém-descoberto, e você encontra o prazer de compreender exatamente onde está.
As pedras parecem desviar de seu caminho, mas a verdade é que você agora sabe onde elas estão, e a elas só vai de encontro por pura opção.
Pensamentos são águas.
E vocês serão finalmente vocês: sozinhos, únicos e livres.

Nenhum comentário: